
Este zine foi escrito por Cindy Milstein para o Instituto para Estudos Anarquistas (EUA). Ele foi traduzido por Claudia Mayer e publicado pela Editora Monstro dos Mares. É uma pequena introdução ao anarquismo.
Para Milstein, o anarquismo tem dois objetivos principais: abolir todas as formas hierárquicas de organização social e substituir as relações sociais que derivam delas por relações horizontais, poder coletivo e liberdade individual: “O grande salto do anarquismo é combinar o eu e a sociedade em uma visão política; ao mesmo tempo, ele descartou o estado e a propriedade como pilares de apoio, confiando ao invés disso na auto-organização e no apoio-mútuo” (p. 6).
A principal diferença entre o anarquismo e outras perspectivas críticas do capitalismo seria sua crítica radical ao estado: “Anarquistas defenderam que o estado não pode ser usado para desmantelar o capitalismo, nem como estratégia transitória rumo a uma sociedade não-capitalista e não-estatizada” (p. 10).
O anarquismo clássico, assim como o marxismo, foi influenciado pelo pensamento europeu do século XIX. Por isso, anarquistas clássicos, como outros pensadores da época, não se aprofundaram o suficiente em questões como gênero, raça e a questão ambiental. “O anarquismo do século dezenove não estava necessariamente à frente de seu tempo na identificação das várias formas de opressão” (p. 11). Cabe aos anarquistas contemporâneos atualizar e expandir o anarquismo, que permanece sendo “apenas um começo” ao invés de uma proposta rigorosamente definida.
Milstein descreve a ética anarquista como um idealismo pragmático, que busca o impossível a partir das possibilidades presentes. Assim, o anarquismo não tem medo de experimentar coisas novas, errar e aprender com seus erros. “Nenhuma outra filosofia política faz isso tão consistente e generosamente, até obstinadamente, e com tanta honestidade sobre os muitos becos sem saída da jornada em si” (p. 13).
O anarquismo reconhece a tensão da coexistência entre diferentes como inerente à humanidade, e por isso positiva. “Eles [anarquistas] são honestos quanto ao fato de que haverá sempre inquietação entre liberdade individual e social” (p. 15). A anarquia pode ser mais facilmente experimentada em pequenos projetos, como cooperativas de alimentos, escolas libertárias e ocupações.
Assim, Milstein descreve o anarquismo como um “espírito” que assombra a sociedade com uma promessa de que a vida pode ser muito melhor do que imaginamos.