Uma resenha do jogo The Stanley Parable (2013) de Davey Wreden, William Pugh. Contém spoilers.
The Stanley Parable é um jogo que precisa ser jogado mais de uma vez. Ele conta a história de Stanley, um funcionário de uma empresa preso no mundo surreal dos clichês narrativos de videogames, tendo como único aliado e adversário o misterioso narrador.
The Stanley Parable lida muito com a questão da liberdade de escolha. Realmente temos as opções que acreditamos ter? Ter muitas opções faz diferença? E se o mundo estiver determinado de tal forma que toda escolha na verdade é irrelevante? E se o destino não puder ser mudado, independente de quanta liberdade tenhamos?
Essas perguntas angustiantes são apresentadas de modo cômico e trágico durante o jogo. A jogabilidade é bastante diferente da dos jogos de primeira pessoa convencionais, embora utilize os mesmos recursos. Existem vários finais possíveis, e a cada final a intenção por trás do jogo vai se tornando mais nítida.
Quando o jogador decide desobedecer ao narrador, a mensagem é: qual o sentido? Afinal, não há realmente nada que o jogador possa fazer para se libertar desse pesadelo, toda suposta liberdade é somente uma ilusão criada para manter você jogando. Com isto, fica a pergunta: Por que continuamos jogando? O grande mérito desse jogo é considerar todas essas perguntas, e fazer piadas com elas. The Stanley Parable se utiliza de um tipo de metalinguagem que chamamos de “meta-gaming” para referir-se a si mesmo e aos jogos em geral. Qual o resultado disso? Um convite à reflexão, na forma de obra interativa.