Uma reformulação de um trecho do livro “Mulheres que amam demais”, da psicóloga Robin Norwood.
Quando amar significa sofrimento; quando a maior parte das conversas com amigos íntimos é sobre ele, os seus problemas, o que ele pensa, os seus sentimentos… Quando quase todas as nossas frases começam com ‘ele…’, não estamos amando a pessoa.
Quando relevamos o mau humor, a agressividade, a indiferença ou os atribuímos a uma infância infeliz e tentamos tornar-nos terapeuta dele, não estamos amando a pessoa.
Quando lemos um livro de autoajuda e sublinhamos todas as passagens que achamos que a ajudariam, não estamos amando a pessoa.
Quando não gostamos das suas características básicas, dos seus valores e comportamentos, mas os suportamos pensando que se formos apenas atraentes e suficientemente apaixonadas, ele se modificará por nós, não estamos amando a pessoa.
Quando a nossa relação põe em risco o nosso bem-estar emocional e até, talvez, a nossa saúde física e a nossa segurança, não estamos amando a pessoa.
Quando fazemos isso, estamos amando os problemas que a pessoa tem.
Apesar de toda dor e insatisfação, isso é uma experiência comum para tantas pessoas que acabamos por chegar a acreditar que essa é a forma como devem ser as relações íntimas. Algumas de nós tornamo-nos tão obcecadas pelos problemas de nosso parceiro e da relação que mal somos capazes de viver com saúde.
Por que tantas pessoas, à procura de alguém que as ame, parecem encontrar inevitavelmente, em vez disso, companheiros doentios e que não amam? E por que temos tanta dificuldade em terminar uma relação assim? Nós amamos problemas quando nosso parceiro é inadequado, desatencioso e indisponível, e mesmo assim não podemos prescindir dele… Aliás, ainda queremos e necessitamos mais dele.
Muitas de nós têm sido dependentes de pessoas problemáticas, e tal como qualquer outra dependência, temos de aceitar a gravidade do nosso estado antes de poder nos recompor.